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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Monte da Lua - Sintra - Portugal (II)

Já vos falei da Vila Velha de Sintra, do Castelo dos Mouros e do Palácio da Pena e seus lindíssimos jardins.

No entanto, muitas outras coisas ficaram por contar e mostrar.
Monserrate, Peninha, Seteais, Convento dos Capuchos, Quinta da Regaleira...e muitos outros.

Hoje vou mostrar-vos, de todos os locais lindos de Sintra, aquele que eu mais gosto. Um local que me dá paz e tranquilidade, onde gosto de me sentar e ficar em plena contemplação, a ouvir os sussurros da árvores, o piar dos pássaros, o murmurar da fonte....  Um local de excelência também para disparar a torto e a direito o obturador da minha máquina fotográfica. É também, felizmente, um dos lugares menos visitados pelos turistas  e portanto, antes das 11h da manhã dificilmente encontro lá mais alguém a não ser o guarda.

Não admira que eles tenham escolhido um  lugar assim.....


CONVENTO DOS CAPUCHOS







O Convento dos Capuchos foi mandado construir em 1560 por D. Álvaro de Castro, conselheiro de Estado de D. Sebastião e vedor da Fazenda, em resultado do cumprimento de um voto de seu pai, D. João de Castro, quarto vice-rei da Índia. O Convento de Santa Cruz da Serra de Sintra surgia, assim, num lugar isolado e inóspito, cujas condições naturais à época da sua fundação, tiveram decerto forte influência na escolha da sua localização.


Terreiro das cruzes



Este convento ficou conhecido pela pobreza da sua construção.



  


Entrada principal



As celas e os dormitórios são de dimensões muito reduzidas e apenas revestidas a cortiça para o isolamento contra o frio.


A abóboda da capela da entrada principal é escavada na própria rocha, assim como a cozinha e a casa das águas.

 
Entrada principal. O tecto é coberto a cortiça.

O Convento materializa o ideal de fraternidade e irmandade universal dos frades franciscanos.  

Os que o habitaram integravam-se na Província da Arrábida, da Ordem dos Frades Menores Regulares e Observantes.
Habitado ainda nos finais do século XVIII, o Convento de Santa Cruz dos Capuchos terá sido abandonado em 1834, com a extinção das ordens religiosas que o regime liberal determinara.


Capela da entrada






Os elementos artísticos existentes no convento apresentam-se hoje muito degradados, fruto do próprio tempo, e sobretudo dos actos de vandalismo a que todo este monumento foi submetido.








Pormenor da cozinha

Refeitório



A rusticidade do convento, contudo, não pôde ser adulterada pela austeridade inerente a uma estrutura quase rupestre. Numa visita ao edifício, percorremos a exiguidade dos seus corredores incorporados nos blocos de granito, e deixamo-nos envolver na penumbra do quotidiano destes religiosos. Da Igreja passa-se para o Coro Alto onde se entoavam os cânticos da celebração da missa. Descobre-se, nesse local, a entrada para o corredor das celas, cujas portas de pequena dimensão obrigavam à adopção de uma postura de genuflexão, expressão de humildade perante a intimidade desse local. No final do corredor encontra-se o refeitório onde as refeições tinham lugar sobre uma mesa de pedra, ofertada pelo Cardeal D. Henrique como prova da sua admiração pela vida que aqui se levava. Através de uma ministra, vislumbra-se a cozinha e mais adiante, a Cela do Noviço.


Na Casa das Águas, pode constatar-se a preocupação dos frades com a higiene e salubridade do meio em que viviam. O quotidiano desta casa era também preenchido pelas ocupações a que estes religiosos se entregavam na biblioteca, nas enfermarias, sendo ainda possível descobrir-se a ala dos hóspedes e finalizar-se o percurso pelo interior do edifício entrando na Sala do Capítulo.

A vegetação que rodeia o Convento deve-se já a políticas de gestão florestal de meados do século XIX.




Claustro


Antigamente, o local era muito mais aberto e ensolarado, como pode ser visto nas gravuras
contemporâneas à ocupação dos frades. Fora da cerca do convento os terrenos eram cultivados e também se praticava a pastorícia. Os bosques estavam limitados aos terrenos rochosos e aos altos dos penedos. A mata do convento, com os seus velhos carvalhos e arbustos de grande porte, beneficiou seguramente da protecção dos religiosos. 



Esta mata é constituída por uma formação arbórea submediterrânica dominada por carvalhos caducifólios, com elementos do maquis mediterrânico no subcoberto e grande profusão de fetos, musgos e plantas epífitas e trepadeiras que tudo envolvem e recobrem num denso emaranhado vegetal.




Destacam-se, ainda, como exemplares isolados cultivados pelo Homem, o frondoso plátano que cobre o adro do convento, o velho freixo do pátio de entrada e alguns exemplares de buxo de porte invulgar que marginam os caminhos.
















 Lenda do Convento dos Capuchos


Esta lenda conta a história de um dos frades do convento, Frei Honório que um dia foi tentado pelo diabo e conseguiu resistir.
Conta-se então que, Frei Honório, frade muito estimado e respeitado por todos na região, andava um dia pelos campos quando se lhe surgiu uma formosa rapariga que pretendeu que ele a confessasse. Não tendo ali nenhum confessionário, sem sequer olhar para ela, Frei Honório mandou-a ir ao convento procurar outro frade. No entanto, perante a insistência da rapariga Frei Honório terá apressado o passo afastando-se, sendo perseguido por ela. Assim, o frade voltou-se, e tapando a cara com uma mão para não olhar a tentação, com a outra fez o sinal da cruz, ao qual a moça lançou um grito e desapareceu.

Havendo várias versões desta lenda, uma ainda acrescenta que, para se penitenciar, Frei Honório recolheu-se a uma gruta existente nas imediações do convento onde passou o resto dos seus dias a pão e água.

HORÁRIOS. Dias de encerramento. 1 de Janeiro e 25 de Dezembro
ÉPOCA ALTA. 27 DE MARÇO A 15 DE OUTUBRO9h30 às 20h00 - última entrada às 19h00


DESDE 27 DE MARÇO DE 2010.

CONVENTO DOS CAPUCHOS.
inclui parque envolvente
CRIANCA. até 5 anos.      gratuito
JOVEM. até 17 anos.         4 €
ADULTO. até 64 anos.       5 €
SÉNIOR.                          4 €
CARTÃO JOVEM.              4,5 €

FAMÍLIA (2 adultos e jovens).   13 €

COMBINADOS. bilhetes combinados com redução de preços

4 PARQUES T. todos os parques e palácios
(válido para 30 dias)                                        20 € | Família 49 €

PENA T + CAPUCHOS.                                      14 € | Família 37 €

CAPUCHOS + MONSERRATE/MOUROS.                   9 € | Família 24 €

CARTÃO "AMIGOS DOS PARQUES".
(válido para 4 Parques durante 1 ano)                  50 €

MUNÍCIPES. Entrada livre aos domingos até às 13h





PALÁCIO e PARQUE DE MONSERRATE





O Palácio e o Parque de Monserrate são uma das melhores ilustrações da arquitectura do período romântico em Sintra. O edifício original foi construído no século XVIII e imitava um castelo medieval.

Gárgula do portão de entrada. O original encontra-se no interior do palácio


A história de Monserrate remonta à época em que Portugal se encontrava sob o domínio dos Mouros. Um cavaleiro moçárabe, que vivia na colina onde se situa actualmente o palácio, entrando em conflito com o alcaide do Castelo dos Mouros e, num duelo entre ambos, acabou por morrer.
Terá sido sepultado pelos seus colegas cristãos na colina e posteriormente, veneraram a sua sepultura como um mártir.






Em 1540, já existindo então a
Quinta da Bela Vista que pertencia ao Hospital de Todos os Santos em Lisboa. Um monge, após uma peregrinação ao Eremitério Beneditino de Montserrat na Catalunha, mandou erigir uma capela em invocação à santa (daí o nome actual do parque), no local da sepultura do cavaleiro moçárabe.


No século XVII, o hospital aforou Monserrate à família Mello e Castro radicada em Goa. Em 1718 a família compra a propriedade e Monserrate é incorporada no morgadio de D. Caetano de Mello e Castro, Vice-Rei da Índia.








O terramoto de 1755 causou grandes estragos na propriedade e o seu estado agravou-se progressivamente até ao fim do século. Em 1790, D. Francisca Xavier de Mello e Castro arrenda a propriedade a Gerard DeVisme, que manda construir o primeiro palácio em estilo neo-gótico, sobre as ruínas da antiga capela e moradias existentes na colina.

A capela foi reerguida noutro local da quinta. Mais tarde, essa réplica foi parcialmente destruída, de modo a assemelhar-se às ruínas e locais abandonados, que tanto eram apreciados pelo imaginário romântico do século XIX.



DeVisme mantém-se em Monserrate, entre 1790 e 1794. Além do Palácio, faz diversas melhorias na propriedade, entre outras, manda murar e pôr portões na Quinta (que se encontrava toda aberta), ficando assim mais valorizada.

DeVisme pouco tempo residiu em Monserrate, acabando por subarrendar a propriedade e todas as suas benfeitorias a William Beckford. Este, um escritor, era o inglês mais rico do seu tempo.


Usou uma pequena parte da sua fortuna, para efectuar algumas obras no palácio e suas dependências e para criar um jardim paisagístico. Em 1799, deixa definitivamente o nosso país e Monserrate volta a entrar em declínio.











Finalmente no Ano de 1856, a propriedade é comprada por Francis Cook, outro milionário inglês. Inspirado pelo romantismo, transforma o jardim num magnifico parque, onde procura recriar ambientes de várias partes do mundo, aproveitando as extraordinárias condições naturais e possibilidades cénicas oferecidas. A paisagem assim construída, levou a que o parque fosse considerado um dos mais notáveis jardins exóticos do mundo.

O Palácio foi embelezado na fachada exterior, com colunas de mármore, janelas com múltiplos relevos e graciosas cúpulas, em estilos gótico. indiano e mourisco.



No parque do palácio criaram-se cenários contrastantes que se sucedem ao longo de caminhos sinuosos por entre ruínas, recantos, cascatas e lagos, sugerindo, através de uma aparente desordem, o domínio da Natureza sobre o Homem.

Este arco foi mandado construir por William Beckford, durante a sua estadia em Monserrate entre 1794-1799, e pensa-se que podia representar a entrada na propriedade, que na altura não se encontrava murada.



a cascata e o lago




Capela do parque







































Assim, e contando sempre com a presença de espécies espontâneas de Portugal (medronheiros, azevinhos, sobreiros e outros), o jardim é organizado com colecções de plantas de espécies oriundas dos cinco continentes, oferecendo-nos um passeio pelo mundo : fetos e metrosíderos evocam a Austrália; agaves, palmeiras e yucas recriam um cenário do México; redodendros, azáleas e bambus transportam-nos ao Japão. No total contabilizaram-se mais de duas mil e quinhentas espécies.


HORÁRIOS.Dias de encerramento. 1 de Janeiro e 25 de DezembroÉPOCA ALTA. 27 DE MARÇO A 15 DE OUTUBROParque de Monserrate. 9h30 às 20h00  - última entrada às 19h00

Palácio de Monserrate. 10h00 às 13h00 e 14h00 às 18h30

PREÇOS

DESDE 1 DE JULHO DE 2010.

PARQUE E PALÁCIO.
inclui visita ao Parque e parte do Palácio

CRIANCA. até 5 anos.      gratuito
JOVEM. até 17 anos.         5 €
ADULTO. até 64 anos.       6 €
SÉNIOR.                          6 €
CARTÃO JOVEM.               5,5 €

FAMÍLIA (2 adultos e jovens).   16 €

COMBINADOS. bilhetes combinados com redução de preços4 PARQUES T. todos os parques e palácios
(válido para 30 dias)                                    20 € | Família 49 €

PENA T + MONSERRATE.                               14 € | Família 37 €

MONSERRATE + CAPUCHOS/MOUROS.               9 € | Família 24 €

CARTÃO "AMIGOS DOS PARQUES".
(válido para 4 Parques durante 1 ano)              50 €



PALÁCIO DE SETEAIS


O Palácio de Seteais, elegante palácio cor-de-rosa, agora um hotel de luxo e restaurante da Sociedade Hotel Tivoli, foi construído no século XVIII para o cônsul holandês, Daniel Gildemeester, numa porção de terra cedida pelo marquês de Pombal. Localizado em Sintra, património mundial, ergue-se este palácio no meio de um terreno acidentado, de onde se pode avistar o mar e o alto da Serra de Sintra.




De arquitectura neoclássica, insere-se no conjunto de palácios reformados pela burguesia. Destaca-se a entrada, com frontões triangulares, janelas de guilhotina e uma escada de dois braços que se desenvolve para o interior no sentido da fachada secundária. Pode-se também constatar a adaptação do palácio à irregularidade do terreno, que tem um enquadramento com o Palácio da Pena.




A LENDA DOS SETE AIS

Conta a lenda que quando Sintra ainda pertencia aos mouros, um dos primeiros cavaleiros cristãos a subir a serra de Xentra (como os mouros chamavam a Sintra) foi D. Mendo de Paiva. No meio da confusão da debandada de uns e chegada de outros, encontrou-se junto a uma pequena porta secreta por onde fugiram vários mouros da fortaleza. Entre eles viu uma moura muito bonita, acompanhada pela velha aia.

Ao dar com os olhos no cristão, a moura suspirou por se sentir descoberta, e a velha, que ainda não reparara no cavaleiro, apressou-se a pedir-lhe que não suspirasse. Porém, reparando no olhar da ama, fixo num ponto determinado, seguiu-o e viu finalmente o inimigo, que sorridente lhe disse:
- Acaba o que ias dizendo!

Mas a velha, de sobrolho carregado, respondeu-lhe:

- O que tenho para dizer não serve para ouvires, cáfir! Os cristãos já têm tudo quanto queriam: os nossos bens, as nossas terras, o castelo. Vai-te! Vai-te e deixa-nos em paz, conforme o combinado.

- Vai-te tu, velha! A rapariga é minha prisioneira!



A moura, ao ouvir tal coisa, suspirou novamente, de medo e comoção. A velha, ao ouvir aquele novo ai, achou que era melhor confessar o seu segredo ao cristão:

- Não digas mais nada, cristão! Não digas mais nada, que a minha ama carrega desde o berço uma terrível maldição!...

- Como assim velha?!- perguntou o cavaleiro, ao mesmo tempo que a moura dava o terceiro suspiro.

- Ah, cavaleiro! À nascença a minha ama foi amaldiçoada por uma feiticeira que odiava a sua mãe por lhe ter roubado o homem que amava. Fadou-a a morrer no dia em que desse sete ais... e como vês, já deu três!

D. Mendo deu uma alegre gargalhada, e a jovem outro ai.

- Não acredito nessas coisas, velha! Olha, a partir de agora ambas ficarão à minha guarda. Eu quero para mim a tua bela ama!

A moura suspirou de novo e a velha, numa aflição sem limites, gritou:

- Ouviste, cavaleiro, ouviste?! É o quinto ai! Que Alá lhe possa valer!

- Não tenhas medo! Espera aqui um pouco... Voltarei para vos levar a um sítio sossegado!

O cristão afastou-se rapidamente e, assim que desapareceu dentro das muralhas, um grupo de mouros que ouvira a conversa surgiu subitamente para roubar as duas mulheres. Com um golpe de adaga cortaram a cabeça à velha, que nem teve tempo de dar um ai. A jovem é que, ao ver a sua velha aia morrer daquele modo inesperado e cruel, soltou um novo e dolorido ai.
Era o sexto, e o sétimo foi a última coisa que disse, no momento em que viu a adaga voltear para lhe cair sobre o pescoço.

Quando pouco depois D. Mendo voltou com uma escolta, ficou tristemente espantado: afinal cumprira-se a maldição!

D. Mendo jurou vingança e a partir desse dia tornou-se o cristão mais desapiedado que os mouros jamais encontraram no seu caminho.

E, em memória da moura que desejara e uma maldição matara, chamou, àquele recanto de Sintra, Seteais.

Ainda hoje, nos belos jardins de Seteais há um sítio onde se alguém disser um "ai" ouvirá um eco que o repetirá seis vezes, ouvindo-se assim sete ais em honra da moura que um dia lá morreu.



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