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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ESPANHA (I)

Durante muitos anos, o Reino de Espanha, como é oficialmente chamada a nossa vizinha Espanha, era para mim, apenas e só um conjunto de vias rápidas que me levariam ao coração da Europa. O facto de ter de atravessar 1000 kms de autoestradas para atingir o sul de França fazia-me desejar viver do outro lado da Cordilheira dos Pirinéus.

No entanto, o encanto espanhol acabou por me conquistar e, dei por mim a querer conhecer melhor o segundo maior país da Europa Ocidental e da União Europeia, depois da França.

Devido à sua localização, o território da Espanha foi sujeito a muitas influências externas, muitas vezes simultaneamente, desde os tempos pré-históricos até à sua formação como país. Por outro lado, o próprio país foi uma importante fonte de influência para outras regiões, principalmente durante a Era Moderna, quando se tornou um império mundial que deixou como legado mais de 400 milhões de falantes do espanhol espalhados pelo mundo.



PROVÍNCIAS DE


EXTREMADURA, CASTILLA-LA-MANCHA E ARAGAO 



MÉRIDA (EXTREMADURA)

Mérida é a capital da Comunidade Autónoma da Extremadura. Fica apenas a 50 km de Badajoz e a 60 km de Elvas. A antiga cidade romana, com o anfiteatro, teatro, termas, casas de patrícios romanos e termas, está magnificamente preservada.




Mérida foi a capital da Lusitânia e é uma das cidades romanas da Península Ibérica melhor conservada. Ao lado da impressionante ponte romana com 60 arcos, fica a enorme Alcazaba (fortaleza, em árabe).



O Templo de Marte, mais à frente, tem um lindo santuário em memória de Santa Eulália. A Casa da Mitra, do outro lado da cidade, junto à praça de touros tem mosaicos magníficos.


Plaza de España - Merida


Localizado no interior da cidade de Mérida, este templo é o único exemplo de arquitectura religiosa romana que permanece in situ. O templo, datado do século I de planta rectangular, está cercado por colunas com capitéis de estilo coríntio. Este riquíssimo espaço arquitectónico, devia ser um dos edifícios mais majestosos de Emérita Augusta, pela sua escala e posição geográfica, com ligação ao fórum.




O teatro romano ostenta uma série de belas colunas de mármore e o anfiteatro tem 15.000 lugares sentados. A Casa do Anfiteatro tem uma excelente colecção de mosaicos que mostram o fabrico do vinho. 


Los Arcos




Adjacente à Casa do Anfiteatro, fica o Museu de Arte Romana, a merecer uma visita demorada. O Museu foi inaugurado em 1986 e engloba um trecho da estrada romana além de uma excelente colecção de esculturas, cerâmicas, moedas e mosaicos.




Aqueduto de los Milagros
Este aqueduto segue os contornos do terreno. Para a sua construção foram utilizados materiais diversos como o tijolo, a pedra polida, granito e pedra natural. É constituído por três fileiras de arcos, possui torres de distribuição, piscina e um depósito para a decantação da água. Junto ao Valle de Albarregas tem 25 metros de altura.






TOLEDO (Castilla-la-Mancha)

A parte antiga da cidade está situada no topo de uma montanha, cercada em três lados por uma curva no rio Tejo, e tem muitos sítios históricos, incluindo o Alcázar, a catedral (a igreja primaz da Espanha), e o Zocodover, seu mercado central.









Vista panorâmica da cidade

CUENCA (ARAGÃO)







Cuenca é uma pequena cidade localizada num penhasco entre dois desfiladeiros escavados pelos rios Júcar e Huécar. Pouco conhecida dos portugueses, Cuenca fica fora dos circuitos turísticos habituais.










E, no entanto, Cuenca é uma cidade maravilhosa que oferece diversidade e beleza em todas as esquinas. Para além de um riquissimo património histórico e artístico, com dezenas de igrejas dos séculos XIV, XV e XVI e ruas com casas medievais totalmente recuperadas,os arredores da cidade merecem visita demorada, sobretudo a célebre Cidade Encantada e as Torcas, fenómenos geológicos de rara beleza.



Para ir até Cuenca, siga esta sugestão. Siga pela auto-estrada Badajoz-Madrid. Pouco depois de Talavera de la Reina, saia para a N-403, em direcção a Torrijos e Toledo. Quando chegar a Toledo, tome a N-400. São mais 150 km até Cuenca, sempre pela estrada N-400. Se sair de Lisboa, são cinco horas e trinta minutos de viagem para chegar a Cuenca.


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A salientar o Museu e as famosas «casas colgadas» («casas penduradas»).




 


   


Cidade Encantada perto de Cuenca. O parque geológico é constituído por formações geológicas invulgares e caprichosas. Saia de Cuenca em direcção ao Norte e siga a sinalética. Há placas a indicar a estrada para a Cidade Encantada. De Cuenca, são menos de 30 minutos de automóvel. Paga-se entrada. O parque geológico fecha às 17 horas. Existe um percurso pedestre muito interessante que dá a volta a todo o parque geológico e que passa pelas formações geológicas mais interessantes e invulgares. Demora cerca de 1 hora e a dificuldade é baixa. No centro de interpretação, é possível comprar literatura informativa sobre o parque geológico.











Todo o parque geológico está repleto de formações como esta. Para as crianças e adolescentes, é uma lição viva de geologia. Para os adultos, é um deslumbramento. Pode aproveitar para visitar, também, as célebres torcas, que existem em abundância nas redondezas. As torcas são lagos de grande profundidade, em forma circular, rodeados de vegetação rica e abundante. Algumas torcas não têm água. Nesses casos, o fundo está repleto de árvores milenárias. Aproveite e faça os percursos pedestres assinalados juntos das torcas. Leve botas de montanha.






ALBARRACIN (ARAGÃO)


“Se quiser conhecer uma das cidades mais bonitas da Espanha, visite Albarracín.” — José Martínez Ruiz, escritor espanhol também conhecido como Azorín (1873-1967).


ALBARRACÍN é uma cidade sem igual. Por quê? Por causa de suas características geográficas, sua história e a maravilhosa vista que oferece. Por essas razões, em 1961, o governo espanhol reconheceu essa pequena cidade da província de Teruel como património nacional. E em 2005, Albarracín foi eleita “a cidade mais bonita da Espanha” por um grupo de especialistas de diversas áreas ligadas ao turismo.










Situada nas montanhas da região central da Espanha, Albarracín é uma cidade antiga com cerca de mil habitantes. Ao seu redor há verdes prados irrigados por diversos rios e uma cordilheira com o mesmo nome — Sierra de Albarracín.











Em tempos remotos, os primeiros habitantes da região de Albarracín se estabeleceram ali por causa da grande quantidade de caça disponível. Pinturas em cavernas mostram que eles eram bons artistas e excelentes observadores da natureza. Pintavam enormes touros e outros animais usando um pigmento branco encontrado apenas nessa região. Pesquisadores acham que essas cavernas, onde foram retratadas cenas do dia-a-dia, eram usadas como locais de reuniões religiosas e sociais.



Hoje ainda há muitos javalis, cervos e caças de pequeno porte na reserva de Montes Universales, situada nas proximidades. E o Guadalaviar (palavra árabe que significa “rio branco”) é um dos melhores rios para a pesca de truta na Espanha.








Em 133 AC, os romanos conquistaram tribos celtiberas locais e fundaram vários povoados na região de Albarracín. No primeiro século DC, engenheiros romanos construíram um aqueduto (1) de 18 quilómetros de comprimento. Ele é considerado um dos mais complexos projectos romanos de obras públicas na Espanha. A religião romana também deixou sua marca. Uma inscrição encontrada numa lápide romana em Albarracín indica que a adoração ao imperador era praticada ali.




Os mouros dominaram a região por volta do nono século, e acredita-se que Albarracín seja derivado do nome dos colonizadores muçulmanos que foram para lá, o clã berbere dos Banu Razin. Na Idade Média, mouros, judeus e cristãos nominais conviveram em tolerância e respeito mútuos. Isso resultou no período de maior prosperidade da história de Albarracín.







Artesãos de Albarracín confeccionavam belos objectos, e tudo indica que a medicina exercida por eles era avançada para a época. Um jogo de instrumentos cirúrgicos que foi desenterrado sugere que eram realizadas até mesmo cirurgias de catarata. Albarracín continuou sob o domínio muçulmano até o fim do século 12, quando passou para o domínio católico romano. É interessante que essa parece ter sido a única vez na história espanhola que uma mudança política assim ocorreu de forma pacífica. Como é a Albarracín de hoje? O turista ainda pode sentir a atmosfera medieval, visto que a cidade não foi modernizada.






“Incrível silhueta”: O filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955) descreveu Albarracín como “a cidade que lança nas alturas sua incrível silhueta”. Essa descrição é apropriada, pois a cidade está alojada num afloramento rochoso uns 1.200 metros acima do nível do mar com um vale profundo à sua volta, que serve de fosso de defesa. Essa fortaleza natural protegeu Albarracín ao longo dos séculos e lhe rendeu um apelido: Ninho de Águia.















O castelo mouro na montanha localizada acima da cidade, foi o centro de Albarracín em determinada época. A Torre del Andador é parte do muro original construído pelos árabes no décimo século. Construções posteriores incluem uma catedral gótica, que data do século 16, e a prefeitura em formato de ferradura com seus pórticos de arcos.















Tesouros naturais nos arredores: Para os amantes da natureza, Albarracín tem ainda mais a oferecer. A cordilheira que a cerca possui uma grande diversidade de ecossistemas ricos em fauna e flora. Fontes, nascentes e cachoeiras embelezam as montanhas arborizadas. As pessoas que acampam ali podem desfrutar das espetaculares noites estreladas.

 
 
 
 
 
TERUEL (ARAGÃO)
 
Escondida num canto do nordeste da Espanha, a cidade de Teruel tem sido um destino turístico para os fãs da arquitectura medieval e da história. Recheada de torres com sinos do século 12, Teruel ganhou o título de Património Mundial em 1986. Encontra-se localizada na região de Aragão, é capital da província com o mesmo nome e a menos populosa do país.








É conhecida por seu jamón ou pernil (presunto) e por sua arte mudéjar, e encontra-se reconhecida pela UNESCO como Património da Humanidade.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entre seus atractivos turísticos encontram-se edificações mudéjares, o mausoléu de Los Amantes de Teruel, o centro paleontológico Dinópolis e uma grande riqueza natural. Sua arte mudéjar recorda seu passado multicultural.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os monumentos mais destacados neste estilo são: A igreja de Santa Maria, Catedral das dioceses de Teruel, as torres de El Salvador, San Martín y San Pedro. No caminho de Santa Bárbara, se pode apreciar a melhor vista da cidade e seus arredores desde o Mirador de Los Mansuetos.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LENDA DOS "AMANTES DE TERUEL"
 
 
Encontramo-nos nos princípios tumultuosos do Séc.XIII. Em Teruel ouvem-se os sinos anunciando um casamento. O som é escutado por um cavaleiro que acaba de entrar na cidade, cansado e coberto de pó, depois de ter atravessado a cordilheira da “Andaquilla”. Ele é popularmente conhecido por Diego de Marcilla (Juan Martinez de Marcilla, de acordo com os documentos históricos). Ele está de regresso, rico e famoso após ter participado em várias batalhas contra os inimigos muçulmanos.



Diego (ou Juan) e Isabel de Segura estavam apaixonados desde a infância. No entanto, ela pertencia a uma família nobre e ele era do povo. Devido à insistência de ambos, o pai de Isabel coloca-o à prova. Assim, dá-lhe 5 anos para ele se tornar rico e se ele conseguir superar o teste, é-lhe permitida a mão de Isabel em casamento.




O prazo expira no exacto dia do ano de 1217 em que Diego retorna à cidade para reclamar a mão da sua amada. Logo à chegada, os seus amigos confidenciam-lhe que os sinos que ele ouve estão a anunciar o fim da boda da sua amada com outro homem. Pressões familiares e o aparecimento de um rival fizeram com que não adiassem nem por um dia o fim do prévio acordo. Os sentimentos de Diego são contraditórios : paixão, preocupação, raiva....



Imediatamente ele se acerca da sua amada, agora já casada com Pedro de Azagra, Senhor de Albarracin. Diego pede a Isabel um beijo, o qual ela recusa por saber-se já uma mulher casada. Diego não consegue aceitar a sua negação, é como se algo tivesse quebrado no seu interior. Ele desfalece e fica estendido no chão enquanto os seus amigos percebem que ele morreu.



No dia seguinte, os sinos do casamento convertem-se em badalos fúnebres anunciando o funeral de Diego. A procissão acompanha, triste e em silêncio, o corpo do desafortunado rapaz. Durante a procissão, uma mulher vestida de negro e de véu a cobrir a cara, acerca-se do corpo. Então ela afasta o véu descobrindo o rosto e é Isabel de Segura.



Ela aproxima a face do rosto de Diego e beija-o na boca, o beijo que lhe tinha negado em vida. E nesse preciso momento, também ela desfalece sobre o corpo do seu amado.



A tradição clama que os amantes morreram de amor.




Assim, foram enterrados juntos e ainda assim permanecem lado a lado, na morte.



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