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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sonho ou realidade?

Cheguei a casa e, entrando no quarto, atirei com a mala para cima do sofá.
"Aiii!" - ouvi gemer mas, não tomando atenção, tirei o casaco e liguei o rádio.
"Ouve..." - ouvi murmurar. Olhei em volta surpreendida e baixei o som do rádio.
"Olha, sou eu, o sofá!" - escutei de novo, pensando que estava a sonhar.
Olhei para o sofá e respondi com um "sim" maquinal. Depois, raciocinando, realizei que tinha respondido ao sofá. Ao sofá ???
"Não me olhes assim! Sabes que me magoaste ?"
"Como, magoei-te?" - perguntei, ainda atónita.
"Nem reparaste que me atiraste com a mala? Eu também sou sensível." - e com isto, calou-se.
Nervosa, acendi um cigarro, deitei-me na cama e puxei o cinzeiro para mais perto de mim.
"Estou farto disto!" - uma voz cantou-me ao ouvido.
"Quem falou agora? " - perguntei.
"Fui eu, o cinzeiro." - respondeu este, com voz aflautada.
"Estás farto de quê?" - perguntei novamente.
"Estou farto das cinzas que me deitas. Fico a cheirar mal, sujo e preto. Porque não deixas de fumar?"
"Tens razão!" - afirmei. E levantei-me.
"Já te vais embora?" - desta vez perguntou a cama.
"Ah, tu também falas?" - olhei para a cama branca, já com um sorriso nos lábios, achando tudo isto muito divertido.
"Falo pois. Onde é que vais?" - perguntou.
"Vou deitar o cigarro fora, na casa-de-banho. Eu já volto" - e com isto saí do quarto.
Quando regressei, já não sabia o que fazer, onde me sentar.
"Anda, deita-te nas minhas costas." - pediu a cama com voz macia.
Deitei-me!
Tudo parecia ter vida dentro do quarto. As cortinas baloiçavam, o candeeiro cantarolava, a cama embalava-me docemente.
Os meus olhos principiaram a fechar-se. Parecia ter adormecido há uma eternidade, quando acordei.
Olhei em redor do quarto. O silêncio pesava.
E foi então que me lembrei que todos os objectos falavam.
Virei-me para a cama por momentos e acariciei-a suavemente.
"Não queres falar?" - perguntei.
O silêncio mantinha-se, no quarto cor de rosa.
Abri a janela e o sol entrou por ali dentro, quente e brilhante.

Nunca compreendi se tinha sonhado ou se realmente os meus objectos me tinham falado.

No entanto, nunca mais eu sujei aquele cinzeiro, ou atirei coisas para cima do sofá. Quanto à cama, passei a acariciá-la antes de me deitar e, já depois da luz apagada nunca mais me esqueci de desejar boa-noite a todos eles, mesmo pensando por vezes que afinal sempre enlouquecera!

__ & __


(Remexendo o baú das recordações, descobri este conto simples e ingénuo escrito em 1984, no tempo em que ainda tinha imaginação para escrever alguma coisa... :)
Não resisti a transcrevê-lo para aqui. Espero que gostem )
 
BOM FIM DE SEMANA
 

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Lobo solitário



Esta noite, pela madrugada
Ouvi uma melodia encantada,
Da chorosa guitarra de um trovador.
Foi cantando em sentidas quadras,
Repletas de palavras magoadas
A história de um caso de amor.

Segundo a lenda rezava,
Um pobre lobo solitário
Vivia o mais triste dos fados.

Apaixonou-se pela lua,
Sonhava-a como se fosse sua
E tinha o coração em pedaços.
Correndo à noite pelos montes,
Todos os ribeiros e fontes,
Na esperança de poder tocar-lhe.
Tal era o amor que sentia,
Que mal via raiar o dia
Na sua toca se refugiava.

E quando a noite chegava,
Para a sua amada, ele corria.
Perdido na sua doce loucura,
Cansado de tanto tentar,
Percebeu que à sua bela Lua
Jamais se poderia juntar...

Perdido no seu desespero,
Sentindo apenas a dor,
De não ter seu grande amor,
Ficou-se no monte a chorar...

No uivar rouco trazia os gemidos,
E os versos mais sofridos
De um coração magoado.
Seus lamentos de tão sentidos,
Tão intensamente vividos,
Giraram o mundo inteiro.

E tanto descontentamento,
Tocou bem fundo na alma
De todos os seus companheiros.

Desde então que pelos montes
Não mais teve fim, este legado:
Os lobos seguem uivando à lua,
Como que esconjurando o calvário
De um amor desafortunado...
A história do lobo solitário.

(Paula Correia)

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Magia



Mágico foi aquele momento
Em que imperou toda a ternura
Mas foi magia e foi tormento
Alegria e amargura.

A magia pairou no ar
Breves segundos de encantamento
E meu coração quase a parar
De alegria e deslumbramento.

Ilusões varridas pelo vento
Quando surge a realidade
Voam como o pensamento
E deixam pedaços de saudade

(Ana Lopo)


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Somiedo - Espanha


Parque Natural de Somiedo - Espanha

O Parque Natural de Somiedo está localizado no sudoeste das Astúrias. Com quase 30 mil hectares, é um dos mais representativos ecossistemas de montanha do Norte da Península Ibérica. Foi decretado Parque Natural em 1988 e é Reserva da Biosfera desde 2000.

O terreno é acidentado, com declives acentuados e instáveis, tendo os seus pontos mais elevados em Cornón, Peña Orniz, Picos Albos e Serra Pelada com cerca de 2.200 m.

As suas paisagens agrestes foram moldadas pela acção dos gelos e estão hoje cobertas por um mosaico vegetal onde predominam os bosques  de faias e carvalhos, habitadas por uma das populações de ursos mais importantes da Europa ocidental, para além de uma enorme variedade de outras espécies animais e vegetais próprias das montanhas cantábricas. Apesar disso, é muito díficil  visualizar os animais de grande porte, porque a sua sobrevivência depende, em grande parte, da sua capacidade em se esconderem.
 



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Gosto de poesia

Zermatt - Suiça

Se eu gosto de poesia?
Gosto de gente, animais, plantas, lugares, chocolate, vinho, boa conversa, amizade, amor...
Acho que a poesia está contida nisso tudo.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Medicine to the soul




"Flowers always make people better, happier, and more helpful; they are sunshine,
food and medicine to the soul."

(Luther Burbank)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Chalet da Condessa - Parque da Pena

O Chalet da Condessa d’Edla foi construído pelo Rei D. Fernando II e sua segunda mulher, Elise Hensler, Condessa d’Edla, entre 1864-1869, na zona ocidental do Parque da Pena, segundo o modelo dos Chalets Alpinos então em voga na Europa.



Chalet da Condessa - Parque da Pena - Sintra - Portugal


Localizado no extremo oposto do Parque, face ao Palácio da Pena, o Chalet mantinha com este uma importante relação visual, acentuada pela proximidade de um dramático conjunto de blocos de granito, as Pedras do Chalet, como mostram fotografias da época, hoje obliterada pelo crescimento vegetal.



Foi concebido como uma construção de recreio, de carácter privado, onde o casal se dedicou ao arranjo paisagístico da zona envolvente, criando um novo jardim (Jardim da Condessa).
Após a morte de D. Fernando em 1885, o Parque da Pena e todas as suas construções, incluindo o Palácio e o Chalet, foram deixados em herança à Condessa.
Na segunda metade do século XX, a falta de manutenção do Parque da Pena, conduziu à degradação do Chalet e do Jardim da Condessa d'Edla.

Em 2007 foi iniciado o processo de restauração, primeiro do Chalet e mais tarde de todo o jardim envolvente, passando o conjunto, chalet e jardim, até então desconhecidos do público, a constituir um inédito e brilhante novo pólo de atracção do Parque da Pena.













quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dança de cores

Zanzibar

Dança de Cores

Vejo a dança das cores
Num universo que não é escuro
Cada cor com uma beleza diferente
Da qual o significado procuro

No vermelho vejo a paixão
E um reflexo no espelho de uma estrela
Do reflexo surge uma canção
Que se eterniza formando algo na natureza

Na natureza surgem violetas azuis
Que fazem os astros dançar
Que vão criando algo diferente
Algo que sempre se procura encontrar

Cria uma luz de um branco celestial
De forma a expandir a vida
E vê-se uma flor a dançar
Acompanhada pelo vento distraída

As estrelas se juntam com as várias cores
E explodem criando nuances
Formando arco-íris de mil e uma cores
Como nunca tinha sido visto antes

A cor amarela foge do arco-íris
E numa tela vai parar
Começando a fazer uma aguarela
Que o universo deseja criar

Depois vem a cor verde
Dando à tela um respirar
Para se juntar a ela o dourado
Para reluzir no mais belo brilhar


Cor a cor vai descendo
E na tela todas vão parar
Criando o mais belo cenário
Onde tudo dá vontade de dançar

Tudo baila e tudo se cria
Com as cores da aguarela
Uma folha que voa da árvore
Uma viola que toca com alegria

Uma dor que desaparece
Uma confissão que vai a fugir
O respirar que apetece
Um suave sorrir

Tudo é criado com as cores
E tudo tem sempre algo para poder criar
Quem sou eu que digo tudo isto
Sou o pincel que a aguarela está a pintar

Blue Heaven

Jambiani - Zanzibar

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Up where we belong..



Who Knows What Tomorrow Brings
In A World Where Few Hearts Survive
All I Know Is The Way I Feel
When Its Real I keep It Alive
The Road Is Long There Are Mountains In The Way
but we climbe a step every day

Love Lift Us Up Where We Belong
Where The Eagles Cry On A Mountain High
Far From The World Below
Where The Clear Wind Blow

Some Hang On To Used To Be
Live Thier Life Looking Behind
All We Have Is Here And Now
All Our Lives Out There To Find
The Road Is Long And There Are Mountains In Our Way
But We Climb The Stairs Everyday

(Joe Cocker)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ursa

Chama-se Praia da Ursa, fica próximo do Cabo da Roca e é um autêntico paraíso, considerado inclusive pelo Guia Michelin uma das praias mais bonitas do mundo. Os acessos são difíceis, obrigando a calçado com boa aderência e pouca "bagagem", o que a torna quase inacessível a famílias com crianças e portanto muito procurada pelos naturistas.
A Praia da Ursa é a mais ocidental da Europa e é um local selvagem de rara beleza, fruto de milhões de anos de erosão provocada pela força do oceano atlântico.
Escarpas pontiagudas entre falésias, cascatas, um pequeno areal e inúmeras rochas trazidas pelo mar fornecem um manancial quase inesgotável de imagens arrebatadoras.

 







 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Para atravessar contigo o deserto do mundo..



Marrocos



Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento.

 
(Sophia de Mello Breyner)

Cueva del Gato


The entrance of this cave can be seen from the railway as it heads north from the station two kilometres away. It's called the cave of the cat as its entrance is said to look like a cat's head. Perhaps it does, though I failed to see it.



This cave is the terminus of an underground river that rises four kilometres away as the Rio Guaduares, which takes an underground route from the other side of Montejaque, from the Cueva de Hundidero ('fallen'), only recommended to skilled potholers. Famed for its potholing experience, it has been the scene of many deaths as rising waters trapped the unprepared.

However, for the curious, El Gato is a pleasant walk to an impressive limestone cave entrance. The water is cristal clear and it's a wonderful place to spend the afternoon in summer time.

Museu Nacional dos Coches

O Museu Nacional dos Coches localiza-se junto ao rio Tejo, na Praça Afonso de Albuquerque, na zona de Belém, em Lisboa, Portugal e era antigamente uma escola de arte equestre, o Picadeiro Real do Palácio de Belém.




Feitos em Portugal, Itália, França, Áustria e Espanha, os coches abrangem três séculos e vão dos mais simples aos mais sofisticados.















Apesar de serem salas lindíssimas, com as paredes e os tectos completamente trabalhados, com grandes painéis a cobrir toda a área, as salas são demasiado escuras, não tendo praticamente luz artificial e em dias sombrios, como foi este o caso, a luz natural que entra pelas janelas não é suficiente para se descortinar pormenores.






quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Borboletas (VII)


"Borboletas são tão belas o que seria delas
Se não pudessem voar?
O céu e as estrelas não poderiam vê-las passar
Lá fora eu vejo um mundo
E sinto lá no fundo
Que aqui não é o meu lugar
Eu sou pequenininha e fico aqui sozinha a sonhar
O meu coração me diz
Que um dia vou ser feliz
Voar para bem longe como eu sempre quis
Um dia eu tive a chance de ter ao meu alcance
O que fez transformar
Sonho em realidade, escuridão em brilho no olhar
Eu vi que na verdade
A dor um dia pode ter fim
Achei a liberdade, ela estava dentro de mim
O meu coração me diz
Agora eu já sou feliz
Voei para bem longe como eu sempre quis..."
(Luciana Mello)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A estrada

Garganta do Dadès - Marrocos

Vou atravessar essa estrada
Não importa a que horas chegarei
Nem mesmo onde é o destino
Importa somente o recomeço
A vitória da chegada
A alegria da conquista.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Solidão



Dunas de Erg-Chebbi, junto a Merzouga, no interior sul de Marrocos


por vezes ..
sinto-me mais só no meio de uma multidão
do que nas areias do deserto,
onde a areia é envolvente,
o vento acaricia meu rosto
e o sol, implacável
é reconfortante.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Matterhorn - Suiça

O Matterhorn é talvez a montanha mais conhecida dos Alpes. Localizado na fronteira da Suíça com a Itália, sua graciosa silhueta domina a cidade suíça de Zermatt e a cidade italiana de Breuil-Cervinia, no Val Tournanche.
Foi a última grande montanha dos Alpes a ser escalada, talvez devido aos receios que provocava em muitos montanhistas. Apesar de se destacar com um desnível alto e forma triangular bem definida, não possui um valor elevado de proeminência topográfica pois muitos montes mais altos são próximos e unidos por tergos de altitude elevada (casos do Monte Rosa, Dom, Liskamm e Weisshorn).





Zermatt - Suiça