A Festa dos Tabuleiros, ou Festa do Divino Espírito Santo, uma das mais ricas e famosas romarias portuguesas, celebra-se em Tomar, de quatro em quatro anos. Inicia no Domingo de Páscoa com a Festa das Coroas e as restantes cerimónias vão tendo lugar em dias marcados até ao mês de julho.
Na origem, era uma cerimónia religiosa de entrega de oferendas ao Espírito Santo, condenada pelo Concílio de Trento, provavelmente pelas suas reminiscências de festa pagã em tributo à Natureza como, por exemplo, as festas das colheitas, na época romana, em homenagem à deusa Ceres. Segundo consta, a Rainha Santa Isabel foi a responsável pela cristianização do evento. Hoje, é uma romaria popular de grande atração turística e o seu carácter cíclico suscita alguma expectativa e curiosidade, mas também um indiscutível empenho e criatividade na sua preparação.
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Os 700 tabuleiros representando as 16 freguesias, são expostos na Mata Nacional dos Sete Montes durante as festividades |
Da festa fazem parte várias cerimónias: o Cortejo das Coroas, o Cortejo dos Rapazes, o Cortejo do Mordomo (também apelidado de Chegada dos Bois do Espírito Santo), a abertura das Ruas Populares Ornamentadas, os Cortejos Parciais, os jogos populares, o Cortejo dos Tabuleiros e o Bodo (ou Pêza).
A Festa dos Tabuleiros inicia com o Cortejo das Coroas que é composto por sete saídas, representando os dias que Deus levou para criar a vida na Terra e o dia do Seu descanso. Cada saída tem um dia marcado e todas elas vão sendo feitas até ao cortejo dos tabuleiros em julho.
O Cortejo dos Rapazes consiste numa réplica do dos tabuleiros, mas feito por crianças vestidas a rigor. Este ano participaram mais de 1700 crianças.
As Ruas Populares Ornamentadas localizam-se essencialmente na zona histórica de Tomar e são fechadas ao público durante os meses de preparação até ao dia marcado para a respetiva abertura. A população encarrega-se de fazer as flores de papel que servem para a decoração. A comissão de organização das festas premeia o trabalho efetuado oferecendo placas às ruas concorrentes.
No dia dos Cortejos Parciais, desfilam separadamente os tabuleiros representantes das freguesias do concelho, ficando depois em exposição na Mata dos Sete Montes, até ao cortejo final.
Também em dia previamente marcado realizam-se diversos jogos populares, entre eles, o corte de troncos e a gincana de burros.
O Cortejo dos Tabuleiros é a cerimónia mais importante e representativa de todas as freguesias do concelho. Consiste no desfile de diversos tabuleiros ornamentados, em forma de torre, construídos à base de camadas de pão e decorados com ramos de espigas de trigo, malmequeres, papoilas e verduras. No topo, o ornamento termina em forma de coroa, onde repousa uma pomba branca, símbolo do Espírito Santo. Estes tabuleiros são transportados à cabeça por duas filas de raparigas que marcham pela cidade. Elas vestem vestidos brancos e faixas vermelhas e, segundo a tradição, os tabuleiros têm de ter a altura de quem os transporta e de pesar uma arroba, ou seja, cerca de 15kg.
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A chegada à Praça, onde os tabuleiros serão benzidos pelo bispo. |
Ao lado das raparigas desfilam os seus ajudantes, homens vestidos de calças pretas, camisa branca, gravata encarnada e barrete preto de campino. À frente do cortejo, um fogueteiro abre passagem pelas ruas repletas de gente, seguido dos gaiteiros e dos tambores, atrás dos quais seguem homens com o pendor do Espírito Santo e as coroas das freguesias do concelho.
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O cortejo percorre agora as várias artérias da cidade, numa extensão total de 5 Kms. |
Por fim, o Bodo, ou Pêza, a refeição sagrada instituída pela Rainha Santa Isabel, consiste na partilha de alimentos, pão, carne e vinho pelos mais necessitados. Ocorre no dia seguinte ao desfile dos tabuleiros e marca o fim desta festa.