José Franco nasceu em 1920. Tornou-se oleiro de profissão, tal como os seus pais, fabricantes das pequenas cerâmicas e peças de decoração que os camponeses da região utilizavam nas suas casas, como os pratos, os jarros de vinho ou água, os vasos de flores ... e muitos outros objectos.
Ainda novo, começou a construir, nas horas vagas, junto à casa onde sempre viveu e onde tinha a sua oficina, um museu da sua terra, reproduzindo os costumes e as actividades laborais dos tempos de infância e as actividades campesinas da região. E a sua obra foi crescendo...
A primeira vez que visitei a Aldeia de José Franco foi em 1979, tinha 14/15 anos. Desde essa altura, quase todos os anos passo na Aldeia sob um qualquer pretexto. Mostrá-la à minha filha (em várias fases da infãncia dela), levar os amigos, beber um copinho de vinho moscatel directamente da pipa ou comer um pãozinho com chouriço.
Num espaço com cerca de 2500 m2 estão construídos à escala natural um conjunto de elementos considerados fundamentais na vida do campo:
- O moinho de vento para moer o trigo;
- A cozinha rural onde é oferecida a todos os visitantes uma caneca de vinho «moscatel»;
- A capelinha dedicada a Santo António;
- A azenha movida a água para moer o milho;
- A oficina de carpintaria com utensílios do fim do século passado;
- A «loja da tia Helena» ou mercearia;
- A cozinha saloia, em cujo forno aquecido a lenha, diariamente se coze o pão da região, que os visitantes podem adquirir no local;
- A oficina de ferrador de cavalos;
- A adega do vinho com toda a sua utensilagem e medidas de barro;
- As cadeiras do barbeiro e dentista;
- A casa do lavrador com o quarto e a
salinha de estar e, à porta, o banco de pedra onde se sentam os namorados.
- O pequeno restaurante onde são servidos os pratos típicos da região; o caldo verde, a carne de porco à moda das
Mercês, a caldeirada de peixe e o arroz doce.
No entanto, o que sempre me entusiasmou foi o maravilhoso conjunto de figurinhas e casinhas do tamanho de um imenso presépio, reproduzindo uma aldeia da região, dos fins do séc.XIX, onde todas as figuras têm movimento e exemplificam as actividades diárias como as serrações de madeira, os moinhos, o trabalho dos campos...
José Franco faleceu em 2009 mas a sua aldeia perdura, pintadinha de fresco e arranjada, para gáudio de míudos e graúdos que por ali passam.